Friday, August 31, 2007

O chão.

Qual será o limite pra cair? Eu nunca acreditei em coisas infinitas, nem o universo. Talvez, ele tenha sido feito de modo à parecer infinito pra humanos, mas, com toda certeza o infinito não existe.


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Ele coloca mais um copo na lava louça e pensa nisso. Então para de colocar as coisas na lava louça e seca a mão, ouvindo o som da musica que vem da sala, uma musica que ele conhece mais que a si próprio, cada acorde, cada tempo, cada um dos 11 minutos.
Ele pensa nela. Ela suspirando, colocando um tênis e indo pro ponto de ônibus. Ele vai pra janela e olha o céu, pensa que o céu, apesar de nublado não esta de fato cinza, e sim um tom de rosa bem claro. Ele se perde em pensamentos. E pra variar pensa nela. Como se o todo fosse algo grande demais, e tudo que ele precisasse agora fosse um cigarro, pra poder pensar direito e analisar o todo, da mesma forma que uma pessoa, olhando de fora faria, ao analisar sua vida num texto de blog.

Thursday, August 30, 2007

Sobre guitarras e coleta seletiva.

Eu toco guitarra mal. Não! Você não tá entendendo! EU TOCO GUITARRA MUITO MAL!... Ok, vou tentar explicar... comparar eu com o kurt totalmente drogado tocando rape-me seria um elogio.
A questão é: Eu não ligo. E eu acho o certo.

Vou dar um exemplo simples à fim de tentar fazer vocês entrarem na minha mente doentia:
- Dizem que o certo é a reciclagem. E eu não vou discordar, só não vou reciclar. Por que? Simplesmente porque lixo é lixo, e por mais que as pessoas não gostem, lixo é feio e fede, não há nada que se pode fazer, reciclar não muda nada, lixo existe, pelo menos no meu ideal de cidade o lixo existe.
E assim sou eu com guitarra. Uma guitarra com powerchords, sem solos, sem harmonic's, um som sujo e distorcido, e uma musica do dance, stiff little finges, dead fish ou qualquer coisa que você possa tocar sem o mínimo de técnica. Eu não quero criticar as pessoas que fazem solos, que usam a distorção como algo bonito pra enfeitar musicas, só acho que não existe nada melhor pra expressar o seu lado podre que a guitarra. Solos, dedilhados, musicas com acordes bem feitos e coisas legais eu deixo pro violão, porque ele sim é bonito, e ele foi feito pra coisas bonitas.
As vezes parece que a guitarra é o subproduto que o violão gera na alma. Quando ele te traz a serenidade, exclui a raiva, o desespero e sentimentos do tipo, que ficam no lixão da alma, pra mais tarde serem transformados no barulho da guitarra.

Ainda não sei porque coisas feias precisam ser evitadas dessa forma...

Wednesday, August 29, 2007

De tarde eu quero descansar

As vezes é mais difícil do que parece entender a perda.
Elizabethtown tem algo parecido com "Pegue o fracasso, aprecie o momento, jogue fora e siga a vida".
O que eu queria agora é que me dissessem que a vida é só mais um filme, e que no meu próximo momento feliz tudo vai acabar deixando à quem assistir aquela sensação não tão ruim de que a vida realmente é algo maravilhoso.
Existem momentos que você pensa "Valeu a pena, o universo, esse planeta, a vida, só pra esse momentozinho de alguns minutos". O único problema é que depois disso você ainda continua vivo, e o momento passa, vai ficando mais fraco na lembrança, os rostos são as primeiras coisas a sumirem. Depois as frases somem, e junto com elas a voz. Depois de um tempo você só vai lembrar daquele momento uma vez por ano quando resolver fazer uma retrospectiva da sua vida.
As vezes agente não quer sentir a perda. Como quando alguém sofre uma fratura na coluna e fica sem o movimento das pernas, e com o tempo elas atrofiam, então os médicos falam "vamos ter que amputar" e elas se sentem relutantes, achando que a perna a qualquer hora vai voltar a funcionar, que por traz de toda aquela gangrena se esconde a perna original, como se ela sempre estivesse lá, só estivesse descansando...

Eu vivo errado. A vida, o mundo, é extremamente legal comigo, e, mesmo assim eu insisto em viver errado, me machucando... e só.

Saturday, August 25, 2007

Sala de espera.

Faltam agora 1:06min pra eu ir pro curso. Ou seja, esse texto não é realmente importante, é só o tipo de coisa que agente escreve assim de qualquer jeito sem nem reler, publica, só pra ficar com a sensação que empregou seu tempo em algo útil.
Eu gosto de salas de espera. Também gosto de ônibus que demoram pra chegar no seu destino, e de esperar sozinho no ponto de ônibus. Um dia deixei três ônibus certos passarem, o primeiro foi porque eu tinha acabado de chegar no ponto e tava desanimado demais pra levantar o braço, o segundo porque eu tinha acabado de sentar, e o terceiro porque eu tava gostando de ficar ali parado fingindo que eu tinha algum lugar pra ir. As vezes eu até fazia cara de impaciente, dava um suspiro só pras pessoas do ponto não pensarem que esperar era meu esporte.
Esperar no fundo é o tipo ideal de coisa pra pessoas como nós dessa ultima geração que saiu. Todo mundo tá cansado de saber que a gente não quer absolutamente nada de verdade, talvez lutar por algumas conquistas, mas nada satisfaz agente mais, então, esperar é uma otima solução. Criar expectativas, obviamente pra depois frustrar as expectativas, mas, em dimensões paralelas que surgem na sua mente durante uma espera ser finalmente feliz.

Ok, acabei de apagar um paragrafo e agora estou re-escrevendo sobre ele. As vezes é melhor falar sobre coisas fúteis... eu tive um sonho hoje.
No começo eu dava uma volta pela praça que apesar de ficar aqui perto de casa faz muito tempo que eu não vou, e lá, tinha um mendigo que apesar de cego e surdo lia lábios. Não que isso tenha tido alguma relevância no sonho, só aconteceu. Quando voltávamos pra casa começava o Apocalipse, com cavaleiros descendo do céu em cavalos esqueléticos de fogo, e tremores que mudam eixos de prédios... E o mais engraçado disso era o ceticismo das pessoas, coisas de sonho claro, coisas como: "relaxa vitor, para de tentar ver o fim do mundo em tudo, é só mais uma bobeirinha". E era. Ou pelo menos meu subconsciente se arrependeu da idéia de destruir o mundo e achou uma explicação cretina pra tudo: uma estratégia de marketing de uma empresa de hologramas... Ou algo tão inútil quanto.
Depois veio o sonho legal. Alias, eu tenho alguns sonhos legais que eu consigo pensar dentro do sonho, não como se fosse minha visão do meu sonho, mas sim a minha visão do sonho de alguém. Eu não preciso me preocupar em elaborar o sonho, só ficar lá com meus pensamentos. Esse sonho se passou inteiro num barco à vela que ficou parado no meio do mar por uns dois dias com algumas pessoas. Racionamento de comida, tédio, racionamento de agua, tédio, vistas bonitas e mais tédio. Acho esse tipo de coisa legal... não pra se contar num blog claro, é extremamente frustrante ler um troço desses num blog, mas é legal de viver/sonhar isso.

é... acho que não tem mais nada pra descrever... Ah sim, minha manhã.
Eu acordei depois de alguns dias num barco parado com o som de alguma porta se abrindo. Então eu fingi que eu não tinha acordado simplesmente porque eu gosto de fazer isso, mania de infância. Depois de uns 5min eu não aguentei mais e levantei, eu estava com o nariz totalmente congestionado desde ontem quando passei verniz em spray num desenho à carvão, então passei alguns minutos fungando e fazendo arremesso de papel à lixeira. Depois desse exercício matinal fui escovar os dentes, depois pra cozinha, onde minha mãe me mandou fazer patê de atum pra minha irmã. E eu fiz. Não que isso tenha alguma relevância, só fiz. Depois de algumas conversas tentando desvendas coisas do passado com a minha irmã eu vim pro computador, e com excessão de alguns minutos que eu fui mijar é aqui que estou desde então, ouvindo musica e escrevendo.

Alias, espero realmente que NINGUÉM tenha lido isso. É uma grande perda de tempo. À não ser que a pessoa queira perder alguns minutos do seu dia ela não deve ler esse tipo de coisa.

PS: Faltam agora 43 min pra eu sair.

Friday, August 24, 2007

Maioridade

Acho que o que define a maioridade não é necessariamente a idade. O mundo é uma coisa grande e complicada, que provavelmente tem algum sentido por traz de tudo isso, mas ninguém ta nem ai... ninguém que já atingiu a maioridade.
Ser adulto, além de muitas outras coisas é fingir que certas coisas não existem e seguir a vida. Essa história de ficar procurando um sentido pra vida, ou tentando fazer alguma revolução, acabar com a fome e as doenças, isso é coisa de pré-adolescente.
Onde eu me encaixo?
Beeem antes disso, e regredindo. Passando da ignorância dos 5 anos pra indiferença dos 3 meses.
ah sim, e muito, MUITO feliz com isso.

Wednesday, August 15, 2007

Quebra de realidade

Não sei exatamente porque, essa tarde eu acordei e não estava feliz. A sensação que alguém morreu e eu ainda não descobri, ou de que eu perdi algo importante mas ainda não dei falta..

Eu sou obrigado a esperar algo que eu não tenho certeza se na hora vou querer. O mais estranho é que era pra eu estar feliz hoje a tarde, era pra eu estar ouvindo belle and sebastian ou beatles, era pra eu estar lavando a louça orgulhoso por ter feito algo do meu dia, por ainda não ter desistido do treino de basket, de estar à 9 dias sem fumar, de não ter nenhuma obrigação de verdade, esse céu bonito e tudo mais... na teoria funciona, o difícil é ser feliz o tempo todo.
Esses dias eu perguntei pro meu pai se eu era um bebê muito irritante, daqueles que chora o tempo todo, e ele respondeu "Pelo contrário! Eu não sabia que um bebê podia dar tanta risada!"... e eu me pergunto, quando isso começou? Já são tantas tardes deprimido, tantas noites querendo que o mundo sumisse, eu não consigo lembrar a primeira coisa que me atingiu, e eu só acredito que seja do passado, por que nada agora no presente parece real o suficiente pra me afetar...

Saturday, August 11, 2007

Post com título grande e confuso demais



"E é fato que
não sabemos se
voltaríamos a encontrar
o que deixamos o tempo ruir fechando os olhos
mas mesmo assim eu...mesmo assim eu... queria tentar."
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É realmente difícil saber como viver, eu entendo. O que eu me pergunto agora é se é melhor esperar você se matar e me culpar por não ter feito nada ou fazer algo que eu acho errado?
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Como Milan Kundera disse naquele livro com nome grande e confuso demais, o difícil da vida é que ela é só uma. Agente nunca vai saber o que ia acontecer se agente fosse por um outro caminho que não o nosso, agente não tem uma chance de descobrir o que é certo e errado e como é melhor viver a vida, agente só é jogado numa bolinha azul no meio do universo pra ficar a esmo, esperando alguém sair de traz das cortinas gritando "Hááá, pegadinha do malandro, você realmente acreditou que a vida podia ser tão sem sentido?", mas esse momento nunca chega. Ou pelo menos nunca chegou pra mim.
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Como passar do tempo fica cada vez mais fácil enlouquecer, se perder em devaneios, deixar-se levar pela sua paranóia, desistir desse mundo de pessoas perdidas e assustadas como você. Depois de um tempo fica também mais fácil gostar dos animais, dos livros, da música, das conversas a distância, e de tudo que te afasta da realidade.

Wednesday, August 08, 2007

Nostálgico.

Tava ouvindo legião [brega, eu sei...] e lembrei das noites no postinho bêbado tocando violão com amigos, desconhecidos, mendigos e caminhoneiros. Cheguei a conclusão que houve uns cinco ou sete momentos na minha vida em que eu fui realmente feliz. Eis que são:
-umas duas ou três noites no postinho que foram excepcionalmente boas.
-tardes andando com o mudo e o renan entre outros sem nenhum rumo, só andando e falando bobeiras.
-um dia no ibira com a giovana tentando identificar desenhos em nuvens.
-um fim de tarde andando numa estrada enorme tentando chegar à praia.
-uma tarde com a cara suja de aquarela deitado no chão.
Claro, não foram as únicas vezes que eu fui feliz, mas talvez tenham sido as únicas que eu realmente me senti bem. Senti que se alguém me falasse que o mundo só tinha existido pra aqueles momentos acontecerem eu daria risada e concordaria. Essa não é uma tarde muito feliz, eu fiz coisas legais hoje, joguei basquete, ouvi musica, li, comi, foi um dia proveitoso, mas eu trocaria cem desses dias por momentos como aqueles em que vivi e me senti bem, aqueles que agora são só memórias e memórias que eu guardo como tesouros.

Depois de um tempo você percebe que a felicidade está em todo lugar, mas que pra conseguir fazer ela entrar no fundo da sua alma é preciso algo mais que uma situação artificial ou uma droga mais forte.
Talvez isso que seja envelheça... recordar.

Monday, August 06, 2007

Daqui a pouco...

Daqui a pouco as lembranças de criança e os ecos da minha imaginação vão se tornar indiscerniveis.
Daqui a pouco aqueles romances da infância, o riso desgastado dos bares, as pernas cansadas no fim do dia, tudo isso, vai estar distante demais. E por mais que todo dia seja essa luta constante pra me descobrir sem perder o que eu já fui, a memória vai se apagando como se não ligasse pro motivo da gente estar aqui, como obrigando a seguir em frente sem olhar pra traz.
Daqui a pouco esquecerei o rosto de todos que amei e meu rosto será esquecido, histórias fantasiosas de dias que não foram realmente aproveitados serão contados em torno de uma mesa, enquanto esperam a noite acabar, e lamentamos por não termos vivido o passado, deixando de viver o futuro de novo.

Saturday, August 04, 2007

Confuso

É um grande problema e uma grande solução não dar importância às coisas. Você consegue solucionar problemas e superar medo, e consegue por consequência fazer da vida uma coisa sem graça, uma mentira ou uma triste realidade. Eu não sei se é normal, mas eu não tenho vontade de viver no momento. Não tenho vontade de nada além de ler escrever e ouvir musica. Dá certo desespero tentar imaginar o tamanho da minha vida pra ser vivida assim sem vontade, vontade de terminar tudo agora e deixar a boa imagem de vitor ou coisa que o valha.
O mais estranho é que eu sou meu único problema relevante, eu e a minha falta de vontade.
Talvez a solução seja um pouco de álcool, ação, luzes piscando, amplificadores gritando, garotas que eu nem sei se queria, e machucados que custam à cicatrizar. Talvez não seja tão mal assim viver a vida toda só para no final dizer: "eu vivi."